segunda-feira, 12 de agosto de 2013

Istanbul: existe mágica nessa cidade/there is magic in this city

  O azul turquesa (= proveniente da Turquia) é a cor predominante, vindo das águas e azulejos que recobrem  mesquitas e palácios.                 










 Mesquita Azul.
 

 


 Santa Sofia, fonte e jardins.


Istanbul está no meu imaginário há 12 anos; desde que fui a primeira vez em 2000, voltando em 2001. Costumo dizer que eu sou uma brasileira com passaporte americano e coração turco. Foi com muito orgulho que ouvi a frase: "Sendo assim, você é uma de nós!". Na minha mente e na minha alma, eu já sabia exatamente o que eu queria ou não ver, rever, fazer ou desfazer. Essa viagem foi menos turística e muito mais  intimista do que alguém possa imaginar. Fechei ciclos que duravam 13 anos; fortaleci vínculos; superei obstáculos e me surpreendi a cada dia. O saldo foi 100%  positivo, com bonus e benefícios que vieram por merecimento.  Eu vivi essa cidade, de dia e de noite; como turista e como local (ou na gíria Oliveira, “maratiba”). Cheguei em meio aos protestos de  Taksim, cheirei gás lacrimogênio; vi o assustador número de policiais (jovens e lindos) nas ruas. Estavam preparados para uma guerra; as tropas de choque circulavam em inúmeros ônibus blindados; e canhões de água usados  para dispersar os manifestantes estavam estacionados nas imediações. Na recepção do hostel, uma garrafa com  solução preparada de limão para aliviar a irritação dos olhos se encontrava a nossa disposição. Com o início do Ramadan em 09/07 os protestos foram suspensos; o que foi um alívio. Eu estive em paz e feliz durante todos os dias na Turquia;  desde o momento que o avião desceu  no Ataturk International - chegando a chorar  na hora do pouso. Voltei com a certeza que minha estória ali não terminou -  eu me despedi de Istanbul muito tranquilamente, sabendo que foi apenas um "até breve". 



Istanbul has been on my mind for 12 years, since I visited the city for the first time, in 2000 – going back in 2001. I usually say I am a Brazilian carrying an American passport and a Turkish heart. It was with a lot of pride that somebody told me “So that means you are one of us!” In my mind and soul I already knew exactly what I wanted to see again, do or undo. This trip was much less touristic and much more intimate than anybody can imagine. I closed cycles that had been opened for 13 years; I strengthen connections; overcame obstacles and got surprised every day. It was 100% positive in every sense; with the addition of some well-deserved bonuses and benefits. I lived this city intensely during the day and during the night; both as a tourist and as a local. I arrived in the middle of Taksim protests; I smelled tear gas and saw the scary number of young (and handsome) policemen in the streets. They were prepared for a war; the troops running up and down in numerous armored trucks; water tanks used to disperse the protesters were parked in the area. At the hostel’s reception, a bottle containing a mix solution of water and lemon to relieve the burning caused by the gas was at our disposal. As soon as Ramadan started, the protests stopped, which was a blessing. I was happy and in peace during every single minute I spent in Turkey. I even cried when the Turkish Airlines eagle landed at Ataturk International. I am back  home now,  but I am sure my story in Istanbul did not end – I said goodbye to the city knowing it was more a “see you later”.  




 Protestos em Kadikoy. Atravessei a multidão com a bandeira do Brasil nas costas, e fui aplaudida.



Bondinho charmoso em Taksim, que cruza toda a Istiklal Caddesi 
(Avenida da Liberdade).



No coração da Istiklal Caddesi, a Çiçek Pasajı (ou Passagem das Flores), galeria que abriga restaurantes e cafés.  
 
 
Cartaz comemorativo do Ramadan/2013.


Igreja Católica na Istiklal Cadd; eu cumprimentei o padre e acendi uma vela ali dentro.
 



Já no primeiro dia, troquei o chip do celular pelo da Avea, operadora local, o que me deu muita segurança, pois assim pude fazer e receber ligações. Também comprei  o cartão de transporte usado no  metrô, ônibus, funicular e barcos (Istanbul Kart). Essas duas providências foram fundamentais para a minha tranquilidade. Os turcos foram muito simpáticos comigo; quando não conseguíamos nos comunicar em inglês,  por muitas vezes eles se levantaram e me mostraram o caminho ou a informação na língua deles, acompanhado de gestos ou até mesmo me encaminhando ao  local desejado. Houve um dia que eu me agachei no chão para anotar um número de telefone e um senhor me oferecer o  banquinho que ele estava sentado, em frente a sua garagem. E o homem com problema de fala que me pegou pelo cotovelo, para me colocar na direção certa do metrô que eu deveria tomar. Nas ruas, eu cumprimentava todos que falavam comigo, usando meu turco fraquinho em tímidos
Günaydın (Bom dia) ou Merhaba (Oi). Já respondia aos sonoros
Nasılsın?(Como vai?) com novamente tímidos iyiyim (Tudo bem) mas a partir daí, não conseguia dar prosseguimento ao diálogo. Mesmo o meu tão treinado "
Tanıştığımıza memnun oldum"( Prazer em conhecê-lo) não saiu como desejado, quando dele precisei. Mas, entre um Tamam (Ok) daqui e um Hoş geldin (Bem vindo) dali, já conseguia pronunciar "Tesekuller ederims" (Muito obrigada) com firmeza. Uma tarde, enquanto andava livre e serena, uma voz me perguntou em inglês, ao que respondi sem parar de caminhar ou ao menos olhar para trás:
- Why are you smiling? (Por quê você está sorrindo?)
- Because I am happy!   (Porque eu estou feliz!)
- And what makes you so happy? (E o que te faz tão feliz?)
- Istanbul!      (Istanbul!)




On my very first day, I changed my cell chip for a local operator one, Avea. This gave me peace of mind, as I was able to get and make phone calls and contact a friend in case of emergency. I also bought the transportation card, which is used in buses, trams and boats (Istanbul Kart). The Turkish people were very friendly; whenever we could not communicate in English, they would sometimes stand up and show me the way or information I needed in their own language, using mimic and gestures or even taking me wherever I wanted to go. One day I sat on the floor to take some notes when suddenly a gentleman offered me the stool he was sitting, in front of his garage! And there was the man with speaking problems that grabbed me from my elbows and led me to the right direction of the tram I should take. On the streets, I answered everybody that talked to me, speaking my extremely bad and weak half a dozen words that form my Turkish vocabulary in extremely shy
Günaydın  (Good morning!) or Merhaba (Hello). I could reply to the loud Nasılsın? (How are you?) in once again timid iyiyim (I am fine). But after that I could not go on with the conversation. Even though I practiced the expression "
Tanıştığımıza memnun oldum!" (Nice to meet you) so many times in front of the mirror, it did not come right when I needed it.  But, between a Tamam (Ok) here and a Hoş geldin (Welcome) there, I became confident enough to look them in the eyes and say "
"Teşekkür ederim" (Thank you!). One afternoon I was walking Sultanahmet streets when I heard somebody asking behind me in English, and I answered this voice without stopping my walk or even turning back to see where it was coming from:


- Why are you smiling? - Because I am happy!

- And what makes you so happy?

- Istanbul!
 
Porta decorada com a bandeira e o nazar boncuğu, o olho turco - amuleto para combater o olho gordo. Esse amuleto está presente tanto em residências quanto em casas comerciais.



Universidade de Istanbul.
 
 






Um acontecimento inusitado foi o cara que tocou os meus peitos, no meio da rua. Estava passando em frente ao Palácio de Ataturk, quando esse moço jovem e bonito usando óculos escuros começou a andar do meu lado, falando em turco. Eu disse que não entendia (Anlamadin), mas ele continuou do meu lado. A coisa ficou desconfortável com ele olhando insistentemente para o meu rosto; eu não me preocupei muito porque era pleno meio-dia, e a avenida é movimentada com automóveis e pedestres. Ele falava insistentemente e, de repente, colocou a mãozona nos meus peitos, eu gritei e ele saiu fora. Foi uma coisa absurda, mas ao mesmo tempo mais ou menos prevista, pois já tinha lido nos guias turísticos e meus amigos já tinham me avisado, que isso poderia acontecer .
Nesse mesmo dia fui coroada. Quando estava prestes a atravessar a rua em frente  ao Estádio do Beşiktaş um ambulante me colocou uma coroa de flores cor de rosa na cabeça. Com sua simpatia mais extorsivos beş liras (cinco liras), desfilei com a coroa, febre desse verão/2013. Dali fui até  o Gezi Park, o parque florido que deu início as manifestações (não foram somente as árvores – assim como também não foram somente os 0,20 centavos).




 
Avenida em frente ao Palácio de Atatürk, fundador e primeiro presidente da República da Turquia.
Toda a avenida é decorada com quadros em preto e branco que retratam a vida do "Pai dos Turcos", como é conhecido. 

Escultura no caminho de Ortakoy. Chegando lá a mesquita estava totalmente coberta, em reforma.

 A grande sensação desse verão, tiaras de flores artificiais. 
 


 
 Eu e minha tiara, no Gezi Park (que deu início aos protestos).



Há mais de 3.000 mesquitas em Istanbul. Para entrar nelas, é necessário que as mulheres cubram cabelos, braços, colo e pernas e os homens evitem usar shorts. As mesquitas maiores oferecem um manto; e eu andava com uma echarpe dentro da bolsa, para usar como véu. Elas são forradas de tapetes,  e é obrigatório retirar os sapatos antes de entrar - há armários próprios para guardar os calçados. O cheiro de chulé estava terrível, principalmente no sábado a tarde, quando estavam lotada de visitantes. Deduzi que o chulé é proveniente dos turistas - pois os turcos lavam os pés antes das orações; e nos outros dias que eu visitei o bodum era inexistente. A mesquita não tem bancos; é ampla e com uma luminária  enorme e redonda na entrada. São decoradas com azulejos e vitrais em motivos florais ou geométricos; assim como medalhões em caligrafia otomana. Os muçulmanos rezam de frente para o Mihrab, que é um nicho ricamente decorado, que aponta a direção de Mecca, onde nasceu o Profeta Maomé, criador do Islamismo. Aos 40 anos de idade, começou a receber revelações do Arcanjo Gabriel, que deram origem ao Alcorão. É considerado pelos muçulmanos o mais recente Profeta enviado por Deus, ou Allah.
 
There are over 3.000 mosques in Istanbul. To get in, it is necessary that women cover their hair, arms, cleavage and legs and men avoid wearing shorts. The bigger mosques offer a cover up, and I usually had a scarf inside my bag that I would wear as a veil. The mosques are decorated with tiles and stained glass in floral and geometric motives, and sometimes, medallions written in Ottoman calligraphy. The floor is covered with beautiful carpets, and it is mandatory that you take your shoes off. There are no seats, and there is a huge and round chandelier. Muslims pray following the Mihrab, a richly decorated niche pointing towards Mecca, the city where the Prophet Mohammed was born.



 
 Fiéis em momento de oração.
 
 Detalhe do carpete de uma mesquita.
 
O Mihrab, que aponta a direção de Meca. Decoração com medalhões escritos em caligrafia otomana. 
 
 Alcorão e terços muçulmanos.


 Mesquita de Fatih.


 No pátio ficam as torneiras para ablução, onde os fiéis lavam partes do corpo seguindo um ritual específico. Algumas dessas fontes são decoradas com azulejos ou metais dourados; outras são mais simples, consistindo apenas de uma fileira de torneiras que saem da parede ao redor da mesquita. Os muçulmanos são convocados a orar cinco vezes ao dia, pelo Ezan. O Ezan, ou Chamado para Oração, é feito através de auto-falantes instalados nos minaretes, e é cantado em árabe. O primeiro Ezan toca aproximadamente as 3:30 da manhã; e o último, as 22:10. Eu estive em Istanbul durante o Ramadan (onde os muçulmanos jejuam entre o nascer/por do sol, sem comer ou beber absolutamente nada entre as 4:00 - 20:45). Durante a madrugada, havia um grupo de pessoas que saíam tocando tambor pelas ruas as 3:00 da manhã, para acordar os fiéis, a fim de fazerem a última refeição antes do nascer do sol. É recomendado bom senso aos turistas, para que não comam ou bebam em público, pois muitos estão respeitando essa lei  islâmica. Por um descuido, ofereci uma bebida ao rapaz que trabalhava no hostel, e foi muito chato quando pelo rosto dele eu imediatamente percebi  a gafe. Também foi  ruim as vezes que saí com amigos que estavam jejuando e eles me obrigaram a comer e a beber normalmente – afinal, eu precisava experimentar a culinária local.



The ablution fountain and faucets are located in the patio, where the Muslims wash their body parts following a specific ritual. Some of these fountains are decorated with tiles or golden metals, while others are more modest. Muslims are called to pray five times a day through the Ezan, or Call for Prayer. The Ezan comes from the minaret speakers, and it is sung in Arabic. The first Ezan is around 3:30 am, and the last, at about 22:10 – those times vary, those were the average times when I was there. I was in Istanbul during Ramadan, a month in the year where Muslims fast between Sun rise/Sun set. During the night, a group of people would go out playing loud drums in the streets, to wake people up so they could eat before starting their long fasting day. It is recommended that tourists that visit during Ramadan be discreet and conscious about it, not eating or drinking in public, as many Turkish will be respecting this Islamic law. Sometimes I would go out with friends that were fasting and they would make and watch me eat because I could not miss local culinary. I felt uncomfortable of course, but what could I do but obey them, as my time in Istanbul was limited.



Relógio marcando os horários do Ezan, ou Chamado para a Oração.





Muçulmanos fazendo a abluçao, ritual de purificação com água que precede as orações. 
Mesquita de Fatih.

Detalhe de um minarete: lua crescente e estrela, símbolos do Islã. 



Fui expulsa duas vezes de uma mesma mesquita. Durante os serviços religiosos os turistas têm a obrigação de sair para os fiéis rezarem em paz, mas eu continuei lá dentro porque eles estavam rezando e recitando em árabe as suras do Alcorão que eu escuto tanto aqui em casa; assim não resisti e fiquei para ver ao vivo. Porém, eu permaneci junto aos homens, e na mesquita homens e mulheres ficam em locais diferentes; as mulheres separadas por uma treliça. Um senhor apontou prá mim e gesticulou de maneira grosseira, e mesmo estando coberta com o véu e o manto, eu entendi perfeitamente que ele estava mandando que eu me retirasse – fui para a área de ablução (onde eles fazem o ritual da purificação pela água, antes do início das orações). Foi ainda pior, e eu nem vi que era comigo, e foi só quando enviaram um funcionário da mesquita que falava inglês que eu entendi a palavra "problem", e que EU era a causadora do mau estar - e fui embora.


I was expelled from the same mosque twice, but that was totally my fault. While religious services are being held, tourists should leave so Muslims can pray in peace. I remained inside, because they were praying and reciting live the Qur'an suras that I have listened so many times in my house, over the internet radio, and I could not resist. To make things worse I stayed around the men, and men and women pray separated. A gentleman made nervous and rude gestures in my direction, and even though I was properly covered, it was clear he wanted me out. I went to the patio and sat by the ablution faucets, and only realized they were still mad   when somebody finally told me the word “problem” in English. That was when I left for good.


Totalmente coberta com o manto e véu. 

Área reservada para as mulheres, cercada de treliça. Detalhe do armário para guardar os calçados.




Muitas surpresas aconteceram; mas uma das mais improváveis e inesquecíveis foi atravessar a Ponte do Bósforo, que liga a Europa a Ásia, na garupa de uma .. moto! Estávamos um grupinho de amigos na Universidade Boğaziçi, de onde se tem a vista fantástica do estreito e sua ponte iluminada de azul, e sem estar entendendo  absolutamente nada, pois a conversa estava sendo em turco, eles tiveram a brilhante idéia de fazer esse passeio comigo. Só soube quando a decisão me foi "comunicada", e não poderia jamais recusar uma oportunidade dessa. Não sabia nem por onde começar a colocar o capacete; eles  me ajudaram a vestir o casaco de couro e a subir na moto, me explicando onde acomodar os pés, onde segurar, como descer. E eu estava de vestido! Me agarrei na cintura dele; que de vez em quando olhava prá trás  fazendo sinal de positivo, para saber como eu estava. Rodamos entre as principais ruas de Istanbul, o joelho passando juntinho aos  carros em meio ao trânsito pesado, eu me preparando para a grande aventura. A ponte tem mais ou menos um quilômetro e meio de comprimento. Durante a travessia, vi os palácios e mesquitas iluminados, tanto do lado asiático quanto do europeu. Fomos até a cidade de Üsküdar, que nos recebe com uma bela mesquita na entrada. Paramos para apreciar a Torre de Leandro, também conhecida como Torre da Donzela (400 a.C.). Diz a lenda que ela foi construída a pedido de um Imperador Bizantino, para abrigar sua  filha, após a profecia que ela morreria picada por uma cobra. No aniversário de 18 anos da menina, seu pai levou-lhe uma cesta de frutas de presente, mas uma serpente se escondeu entre elas, picando a jovem. Cumpriu-se, assim, a profecia. Atualmente, funciona um restaurante sofisticado na torre. Não havia a mínima possibilidade de captar com a câmera o que os meus olhos estavam registrando; eu estava em êxtase. Havia uma meia lua avermelhada no céu, e muitas pessoas lotavam as ruas. Por ser Ramadan, os fiéis ficam acordados até tarde  para comer; havia um grande número de barraquinhas e gente fazendo piquenique sentados em almofadões e tapetes espalhados pelas margens do Bósforo. Estavam soltando balões de fogo sobre o rio, e essa cena mágica das águas escuras iluminadas pelos balões vai ficar para sempre na minha lembrança. Voltamos para a Europa, retomando a ponte no sentido contrário. Eu só queria contar prá Crica, porque eu sabia que ela ia se orgulhar muito de mim!



Many surprises happened, but one of the most improbable and unforgettable was crossing Bosphorus Bridge on a motorcycle. While watching the spectacular view of the strait and the bridge illuminated in blue at Boğaziçi University, I was communicated of my friends’ decision to take me on a motorcycle ride across the bridge, which is about 1,5 kilometer long. That being my first time on a motorcycle, and of couse, I had to be wearing a dress that night,  I held really tight to my friend’s waist; my knees almost touching the cars passing by the heavy traffic. We went to Üsküdar, on the Asian side, a city that welcomes us with a beautiful mosque at its entrance. We stopped to contemplate Leandro’s Tower, also known as Maiden's Tower,  which according to the legend, was built for a Byzantine Emperor's daughter after he heard the prophecy that she would die bit by a snake. On the girl’s 18th birthday, the Emperor offered her a bowl of exotic fruits as a gift, but a poisonous serpent was hiding on the bowl and bit the young lady – fulfilling the prophecy. There was no way my camera would capture all that my eyes were registering; I was in complete ecstasy. There was a reddish half Moon in the sky, and many people crowded the streets making picnics and sitting on velvet cushions by the border. They were setting balloons over the Bosphorus, and this magic scene of the dark waters being illuminated by the fire coming from the balloons will remain in my memory for as long as I live.
   
Torre de Leandro, vista de  Üsküdar (lado asiático). Lua avermelhada à esquerda.
 

Muita movimentação em torno das mesquitas durante a noite, na época de Ramadan. 
  Palácio de Dolmabahçe ou de Ataturk.


Outra delícia dessa viagem foi o balık ekmek, pão com peixe, servido às margens do Bósforo, com a água respingando na gente. Escolhemos o lado oposto ao frequentado pelos turistas, onde os sanduíches são vendidos em barcos decorados como antigas gôndolas dos Sultões, e custam o dobro do preço. Fomos a um lugar muito mais autêntico; a freguesia basicamente turca, sem estrangeiros. Tivemos que passar pelo mercado de peixe, sendo abordados pelos pescadores; o chão coberto de areia.  O sanduíche é preparado na hora, com filé de peixe, cebola, pimenta e tomate grelhado na chapa; mais alface temperada com suco de limão, tudo dentro de um pão. Por seis  liras turcas compramos um espetáculo que não tem preço, pois a vista é  de sonho: a nossa frente o sol se pondo entre as mesquitas; o Bazar das Especiarias e a a torre de Gálata ao longe; gaivotas voando ao redor dos barcos que cruzavam o estreito; a Ponte de Gálata rendada e azul a nossa esquerda; tudo isso emoldurado pelo Bósforo. Sentamos numa mesinha de madeira rústica, e um garçon muito simpático e de olhos verdes nos atendeu, nos encharcando com litros de chá feito na hora – infelizmente não pude participar da conversa, pois ele falava somente turco. O chá é servido em tulipas pequenas e sem alça, em pires listrados de vermelho. De repente, todas as mesquitas e Mahya (faixas de luz que são penduradas entre os minaretes, saudando o RAmadan) se acenderam simultaneamente, ao som do Ezan, marcando a quebra do jejum daquele dia. Ficamos em silêncio por alguns instantes, tão bela era a cena, que nos calamos instintivamente para contemplar. Mesmo meu amigo turco, frequentador assíduo desse local, tirou sua câmera e fez algumas fotos, comentando sobre a a beleza do momento.




Another highlight of this trip was the balık ekmek,  fish sandwich, served by the Bosphorus border, with its waters dropping on us.  We went to a more authentic place, and chose the opposite side from the one usually attended by tourists, where the sandwiches are served in boats decorated Sultan gondolas style.  The sandwich is made fresh; with grilled fillet, onion, tomato and pepper, plus lettuce and lemon drops all inside a big bun. For mere six Turkish Liras we bought a priceless, fantastic and spectacular view that looked exactly like a dream:  the Sun was setting just in front of us between the mosques; the Spicy Bazaar and Galata Tower from the distance; seagulls flying around the boats crossing the strait; the lacy and blue Galata Bridge on our left. This scenario was framed by the Bosphorus. We sat on rustic wood chairs, and a very friendly and green eyed waiter flooded us with liters of fresh tea – unfortunately I was not able to talk to him because he did not speak English. Tea was served in small tulips without handles, in red stripped saucers. All of a sudden, all the mosques and Mahya (messages spelled out in lights and strung between minaretes) lighted out simultaneously with the Ezan, and that was a sign that Muslims were allowed to break their fast for the day. This scene was so amazing that it instinctively made us silent, in awe. Even my Turkish friend, used to go there frequently, took his camera out of his backpack and shot a few pictures, talking about the beauty of the moment.


Vendedor preparando o meu sanduíche de peixe. 
Vista ridiculamente maravilhosa.

Ao cair da noite, as mesquitas iluminadas, com faixas especiais em celebração ao Ramadan (Mahya).

 Ponte de Gálata, rendada e azul.


No dia seguinte eu acordei triste porque a viagem estava terminando, e demorei a sair do quarto. Mesmo sem senso de direção, consegui voltar ao lugar da noite anterior. A mesinha estava ocupada e eu me sentei no chão, próxima a água. O garçon me reconheceu, e assim que a  mesa desocupou, ele me acomodou. Eu pedi o sanduíche; dezenas de chá e uma gazoz (um refrigerante, Fanta);  fiquei ali por muitas horas. Ele sentava comigo algumas vezes, e trocávamos gestos e sorrisos. Era sexta-feira; o dia mais sagrado da semana para os muçulmanos, e os múltiplos Ezans vindos de direções diversas e com a acústica da água proporcionaram um espetáculo tão divino que me fez chorar novamente; é algo muito forte, sem explicação. “Allah-u Akbar”, Deus é Grande.  Na hora de de ir embora, o garçon falante  me pegou pela cintura, e saiu abraçado comigo, acenando e se despedindo dos companheiros. 



On the following day I woke up sad because my trip was coming to an end.  I managed to find my way back to the same place I went the night before. Our table was busy, so I decided to sit  on the floor, close to the water. The waiter recognized me, and as soon as the table was available, he sat me there. I ordered the same fish sandwich; dozens of tea once again and a gazoz (a soft drink, Fanta); I stayed there for a few hours and he would sometimes sit by my side and we would exchange gestures and smiles. It was Friday, the most sacred day of the week for Muslims, and the multiple Ezans coming from different directions mixed with the water acoustic were responsible for such a divine concert that made me cry again. I can’t explain the impact the Ezan has on me. “Allah-u Akbar”, God is Great.  When it was time to go, the talkative and green eyed waiter took me by my waist and left the place holding  me, waving goodbye to his coworkers.
 
  
 Minha mesinha, vista da ponte.

Entrada do mercado de peixes.
 
 
 O vendedor de olhos verdes.
 
Mascote dos vendedores.
 

O chá é preparado na hora. 
 



Sair pra jantar em Istanbul é sempre uma surpresa; você nunca sabe o que vai encontrar pela frente. Mesmo sozinha, me aventura em restaurantes mais familiares, evitando as grandes redes com decoração dourada "expensive and stupid", que são armadilhas para atrair turistas. A desvantagem dos restaurantezinhos é que geralmente não se fala inglês, e o cardápio é rudemente traduzido. Então você escolhe alguma coisa e entrega prá Deus. Eu me dei bem com meu "tavuk şiş"-  traduzido como "chicken shish", o que, convenhamos, não foi o suficiente para me dar uma noção de como o frango  viria.  Enquanto aguardava, rezava e observava o  garçon preparando o prato: frango/tomate/pimenta verde  grelhado na hora, arroz pilaf, iogurte natural- o iogurte é uma constante, come-se junto a comida ou salada. Também experimentei o köfte, que é uma espécie de kebab feito com carne moída de boi ou carneiro. Vem servido no pão sírio acompanhado de molho de tomate, pimenta grelhada e ... iogurte! Para beber, o ayran, que é uma bebida tradicional, um tipo de iogurte salgado. A princípio parece estranho, mas o paladar acostuma. Até mesmo no Burger King, meu sanduíche veio acompanhado de ayran. Eu comecei comprando os copinhos de 200 ml, e imediatamente passei a comprar litros. Eu sempre comprava diariamente kiraz (cereja) e incir (figo) frescos; nas bancas de frutas e legumes você não toca nos produtos, são os vendedores quem escolhem e embalam prá gente.

Apesar de tentada, não paguei dez liras num suco de romã (ainda não sei se me arrependi; evito pensar nisso). Também negociei uma fatia de karpuz (melancia) do vendedor do caminhão, que só a vendia inteira (a melancia está inserida na minha mitologia pessoal). Bebi a cerveja Efes sob a Torre de Galata; acompanhada de  köfte e hummus (pasta de grão de bico). Em Beşiktaş, nosso şerefe (Saúde!) foram a base de raki. Tomamos uma garrafa inteira, que eu trouxe comigo como souvenir. O raki é a bebida nacional da Turquia; forte e com sabor de anis. Toma-se o raki num copo alto com gelo e água; a bebida é transparente mas quando misturada na água, fica esbranquiçada. Os acompanhamentos tradicionais - ou "mezes"- são tira-gostos como queijo salgado; tzatziki (dip de iogurte, pepino e alho); melão fatiado;  peixinhos empanados e fritos inteiros (assustadores). Lá pelas 22:00 as pessoas começaram a bater os talheres na mesa e nos pratos, em protesto contra o governo. Essa manifestação durou em torno de 3 minutos e está sendo feita diariamente. 




Going out for dinner in Istanbul is always a surprise, you never know what you will find. Even when I was by myself, I would adventure in smaller restaurants, avoiding the big chains with their cold and golden decoration, "expensive and stupid" style, that sometimes are tourist traps. The disadvantage of this option is that they sometimes don’t speak English, and the menu is barely translated. I was lucky with my "tavuk şiş"-  translated into  "chicken shish", which did not help much to give me an idea of the meal. I watched the cook prepare my food: fresh grilled chicken, tomato, pepper, pilaf rice and unsweetened yogurt. In Turkey you eat yogurt with your meals, as a side dish or in salads. I also tried  köfte, which is a kebab made of minced beef or lamb meat. It comes in a pita bread and tomato sauce. To drink, ayran, always! It is a lightly salty yogurt drink and Igot totally addicted to it. I started buying small 200 ml ayran cups and soon I upgraded to litters. I bought kiraz (cherry) and fresh incir (figs) every day. In the street markets you don’t touch the fruits or vegetables; the salesperson chooses and bags them for you. 
 
Even though I was tempted, I did not pay ten Liras for the pommegranate juice (up to the moment I am really not sure if I regret it or not; I am avoiding to think about this). I also negotiated one single slice of karpuz (watermelon) from the truck, as he only sold it whole. I drank Efes (beer) in a restaurant by Galata Tower, eating köfte and hummus (chickpea dip). In Beşiktaş, our şerefe (Cheers!) was said as we toasted raki glasses. Raki is the Turkish national drink, strong and tasting of anis. We drink raki in tall glasses with water and ice cubes. The traditional appetizers – or mezes – are: cheese, tzatziki (yogurt, cucumber and garlic dip), melon slices, and little tiny breaded fish, that are fried whole. By 22:00 people started to make noise using their forks and knives against the plates and tables, protesting against the government. This lasted for about 3 minutes and has been going on daily.
 


Raki com peixinhos fritos.



 köfte

 
 tavuk şiş.

 Pidesi: pão especial que é feito somente no mês de Ramadan. Ao fim da tarde, todos os muçulmanos compram esse pão para levar para comer em  casa, junto aos familiares. Custa apenas 1,50.
 



Eu tive uma aula sobre como fazer o café turco: tem que ferver a água numa panelinha especial,  um tipo de canequinha de cobre com um cabo muito comprido;  em cada xícara coloca o pó de café e joga a água por cima, sem coar (a água tem que estar espumando, isso é fundamental). O açúcar é em cubinho. O café é servido juntamente com um copo de água; quando perguntei a razão da água, a resposta foi "é  tradição de séculos”. Existe um provérbio que diz, “ bir fincan kahvenin kırk yıl hatırı vardır”, em português, “uma xícara de café é lembrada por quarenta anos”; significando o  poder que um cafezinho tem de unir as pessoas. “The heart desires neither coffee or a coffeehouse. The heart desires a companion; coffee is but the excuse” – “O coração não deseja café; mas sim uma companhia. O café é uma simples desculpa” -  para conversar, dividir angústicas, fofocar. Certamente, eu vou me lembrar por 40 anos dessa tarde que eu aprendi a fazer café turco, na base da demonstração, pois meu professor não falava inglês, e usava  o tradutor do celular esporadicamente para me dizer o básico. Mas não precisei de uma língua específica para entender que através do seu ato de hospitalidade, estávamos nos fazendo companhia; o que é o verdadeiro motivo quando a gente convida outra pessoa para tomar  um café. Tomamos nosso café numa varanda bagunçada, observando os carros passando numa rodovia movimentada,  acompanhado de lokum – ou Delícia Turca, que é um doce tradicional,  parecendo cubos de gelatina dura recheada de pistacchio, nozes ou romã.  Quando você termina o café, deve derramar a borra no pires, e é possível ler a sorte ali. Eu levei café brasileiro para meus amigos experimentarem, mas eles não encontrei filtro e nem coador para comprar, já que o café turco não é coado. Improvisamos, coando o café num pé de  meia e também em  máscaras de proteção contra o gás lacrimogênio, usadas nos protestos de Taksim. 




I had a class about how to make Turkish coffee: 1) boil the water in a special container, a kind of copper cup with a really long tail; 2) add a spoon or two of coffee ground on a mug; 3) pour the hot water over it (the water must be foaming, this is fundamental!). And you are done with 2 or 3 cubes of sugar. Coffee is served with a glass of water, and when I asked the reason of the water, I was told this is a secular tradition. There is a Turkish saying that says, “ bir fincan kahvenin kırk yıl hatırı vardır” - “a cup of coffee is remembered for forty years” – meaning the power of gathering friends together over a cup of coffee to talk, share or gossip. “The heart desires neither coffee nor a coffeehouse. The heart desires a companion; coffee is but the excuse”. Definitely I will remember this afternoon for forty years. It was all done by demonstration, as my teacher did not speak English and used his cell phone translator from time to time to tell me the basics. But I did not need any language to understand that through his hospitality gesture, we were making each other company, and this is the real reason behind inviting somebody for a cup of coffee. We drank our Turkish coffee in a messy Turkish balcony, looking at the cars passing by a very busy road, and eating lokum – or Turkish Delight, a traditional and delicious candy made of jelly stuffed with pistachio, nuts or pomegranate. When you finish your coffee, you should turn the cup upside down the saucer because it is possible to read your fortune this way.  I brought Brazilian coffee to my friends but they did not have any filters and I did not find any to buy in the supermarket, so we had to improvise: we filtered the coffee using socks and also protection masks that have been used against the tear gas in Taksim protests.
 

Café do Brasil, atração numa confeitaria em Sultanahmet.


Vista da varanda.




 O Grand Bazaar tem várias entradas e saídas diferentes.


Fazer compras no Grand Bazaar é uma experiência única, que você deve estar muito bem preparado e bem disposto a enfrentar os ávidos vendedores que irão atrás de você.  Eles vão te incomodar, eles vão te importunar, eles vão te assediar, eles vão apelar – eles vão até mesmo te elogiar, e elogiar o seu país. Mas não se iluda, a única coisa que eles querem, é o seu dinheiro. Eles nunca vão falar o preço correto da mercadoria de primeira, pois a barganha é uma arte que eles cultivam. O primeiro preço é exorbitante, e você deve reclamar que está muito caro; eles farão cara feia, perguntarão quanto você quer pagar, e assim começa o jogo; até entrarem num acordo – ou você fugir correndo, de tanta imprudência. Como eu estava sempre bem humorada, eu respondia a todos os cumprimentos, e as vezes entrava em alguma loja mesmo sabendo que não ia comprar nada, somente pela experiência. Depois de fechar minha compra de colares, anéis, brincos e pulseiras com um senhor do Afeganistão, ele me ofereceu uma xícara de chá de maçã. Sentamos no banquinho e ficamos muito tempo conversando, sendo que grande parte da conversa foi na língua dele. Mas dava para entender, através de gestos e seu inglês ruim,  que ele me explicava  quanto pagava pelo frete das peças que ele importava para revender na sua loja. Alguns vendedores são muito chatos, e eles sempre começam a abordagem com a frase “Where are you from? “ (De onde você é?) Ao saber que se trata de um brasileiro, começam a indefectível escalação do time de futebol da Seleção atual ou de Copas mais antigas. Os turcos amam futebol e por tabela amam o Brasil. Mas no Grand Bazaar, mais do que amarem nosso futebol ou nosso país, eles amam o nosso dinheiro. Assim, farão de tudo para que você leve a mercadoria que eles estiverem vendendo. Em alguns casos chega a ser um verdadeiro assédio, e uma vez eu cheguei a sair correndo do lugar, sendo que em outra, tapei os ouvidos, porque não aguentava mais a perguntação de onde eu era (quando não respondi, eles começaram a adivinhar: Itália? Espanha? América? Congo? ... claro que não aguentei, e caí no riso ...)
E teve o vendedor que apelou comigo, me chamando de Shakira, um dia que estava tão quente que eu saí de short e havaiana. Não é o mais apropriado, mas com o calor que estava fazendo - média de 40o - não tinha condição de usar as saias longas que eu levei na minha mala, tampouco os 6 pares de sandálias: a maioria voltou intacta, com exceção das Ipanema e uma rasteirinha, que ficou praticamente sem solado. Maquiagem também foi impossível, pois derretia com facilidade, me transformando num panda. Ele queria me vender um lenço de seda por 80 dólares, eu nunca pagaria um preço desse por um lenço. Ele foi cínico e perguntou se eu queria pagar 5 dólares (parecendo aquele cara  daquela propaganda antiga das Casas Bahia, “quer pagar quanto? ). Depois de quase um bate boca (é normal fazer um teatro; o turco faz cara de ofendido quando você recusa pagar o preço exorbitante; você finge que vai embora da loja, e ficamos nesse jogo até entrarmos em acordo que o lenço valia 20 dólares, por ser ipek (seda) legítimo e Made in Turkey.  Algumas lojas você vê os casulos do bicho da seda na vitrine.



Shopping at the Grand Bazaar is a unique experience, and you should be well prepared and willing to face the avid salespeople that will go after you. They will bother you, they will harass you, they will haunt you – they will even praise your country and they will give you all kinds of compliments. But don’t fool yourself; you don’t look that good - the only thing they want is your money. They will not tell the exact price of their products when you ask them the first time, as bargaining is an art. The first price is usually really expensive, and you should complain and say it is too much. They will make a bad face and they will ask how much you are willing to pay and that is how the game starts, until you both seal the deal – or you simply walk away. As I was always really good humored, I replied to every greeting and sometimes I would dare getting into a store only to savor the experience. After I bought some jewelry from a very proper and polite Afghanistan gentleman, he offered me a cup of apple tea and we talked for quite some time. Most of the conversation was made in his language but I was able to understand through his gestures and fairly broken English that he was telling me about importation taxes and shipping costs. Some salespeople are really annoying and they usually approach you by asking, “Where are you from?“ As soon as they learn they are talking to a Brazilian, they start reciting the names of old and contemporary soccer players. Turkish people simply love soccer and because of that, they love Brazilian National Soccer Team as well.

But in Grand Bazaar, more than loving soccer, they love taking our money – which is so much easy to do, due to the great variety of wonderful products and shops we can find there. Thus, they will do anything to make you buy. In some cases this can become a true harassment, and once I had to literally run away. In another occasion, I had to cover my ears, cause I could not take anymore the non-stopping questions about where I came from popping from everywhere. When I did not answer, they started to guess: Italy? Spain? America? Congo? ...of course I did not resist and busted out in laughs...

And there was the guy that got really mad at me and called me Shakira, one day it was so hot I left the hostel dressed only in a t-shirt, shorts and flip flops. It is not the most appropriate outfit to wear, but it was so hot that I was not willing to put neither the long skirts I had in my luggage nor  any of my little collection of  six pair of shoes; I could only have my flip flops on. Make up was also impossible to even think about, as it was just melting away. One salesman wanted to sell me a silk scarf for usd 80 and I knew it was not the right price. He was cynic and even asked if I was willing to pay only five bucks for real ipek (silk). After we almost quarreled we agreed the scarf was worthy usd 20. In the end I was happy, he was happy – and we posed for a picture together!

 

 
 Vendedor afegão

Amuletos contra mau olhado,  nazar boncuğu.

Vendedor de seda; foi ele quem me apontou a bandeira do Brasil.

O Grand Bazaar é muito grande, tem que ir lá várias vezes para conseguir percorrê-lo por inteiro. Tem todas as mercadorias imagináveis, passando por antiguidades caríssimas, tapetes legítimos, artesanato fino, luminárias, roupas, bijouterias, seda, joalherias, etc. É muito importante você prestar atenção ao número do portão que você entrou, para saber por onde sair. Na segunda volta dentro do bazar você já fica perdido, pois é um labirinto e a gente se distrai facilmente com o assédio dos vendedores, a beleza da arquitetura/decoração do bazar, a variedade de produtos e o grande número de lojas.



O Grand Bazaar é um labirinto, sendo muito fácil se perder ali dentro, devido a quantidade de lojas.


 
O comércio ao redor do Grand Bazaar também é sempre muito movimentado.



O bairro de Gálata tem como atração principal a Torre, de onde se tem a vista de 360º de Istanbul. As ruazinhas desse bairro são estreitas e íngremes. A influência é italiana, e caminhar por essas ruas é como voltar ao passado. Muitos prédios antigos, algumas mesquitas, lojinhas e boutiques com estilo mais alternativo. Próximo a Torre, há alguns restaurantes.



Galata Tower, from where you can have a 360o view from Istanbul if you go to the top. It is the main attraction of this Italian-influenced area. The streets are narrow and steep; and walking them is like traveling back to the past. There are many old buildings, a few mosques, and fashion clothes and accessories  stores. There are restaurants by the Tower.

A Torre de Gálata iluminada, a noite.

Nessa foto podemos ver os turistas na Torre, observando a paisagem.



Mesquita com muçulmanos se lavando antes da oração.



Nessa área tem muitas boutiques descoladas; é um prazer garimpar.




 
 Na semana seguinte que eu tirei essa fotografia,voltei a Gálata e esses dois cachorros continuavam dormindo nessa mesma posição! Estavam na entrada de uma boutique chique.



As Muralhas de Constantinopla cercavam toda a cidade, com a finalidade de protegê-la de ataques e invasões. Algumas partes ainda estão conservadas, e podemos observar a estrutura de pedra original.


The old Constantinople Walls were built around the city, in order to protect it from attacks and invasions. Some parts are still preserved, and we can still observe the original stone structure.




 Pracinha com escultura na região das Muralhas.


Aqueduto de Valens, anterior ao ano 368.



Dessa estação ferroviária  saía o Orient Expresss, Trem dos Reis - Rei dos Trens.


A escultura da Pomba e do Poeta, esculpida pelo já falecido pai do meu amigo Kerem Senel. Terceira vez que visito esse trabalho. Foi por acaso que o encontrei dessa vez; um amigo me chamou para fazermos uma caminhada as margens do Bósforo, já no finalzinho da tarde. Passeamos por dentro do bairro, na região nobre de Bebek, e eu reconheci o local. Pedi a ele que continuássemos a caminhar, pois eu tinha praticamente certeza que era ali que ficava a estátua. E eu estava certa! É como se Deus tivesse me guiado até ali, pois tudo aconteceu por pura coincidência. Fiz uma prece para o escultor, que não tive o prazer de conhecer em vida. Que sua alma descanse em paz.




The Dove and the Poet sculpture, made by the late father of my friend Kerem. It is the third time I visit this work. A friend invited me for a walk in the area, and I remembered exactly where the statue was located, facing the Bosphorus, in the elegant Bebek neighborhood. I prayed for him, as unfortunately I did not have the pleasure to meet him while he was still alive. May his soul rest in peace.


R.I.P.
 
 Ponte do Bósforo, que atravessei de moto algumas horas mais tarde.
 



Os cemitérios Otomanos são elegantes, com tumbas adornadas de turbantes. As datas nas lápides impressionam, de tão antigas.  Quando se trata de sepultura feminina,o número de flores representa o número de filhos que ela teve.

The Ottoman cemeteries are elegant, with tombs decorated with turbans and flowers. The dates are impressively old. The female tombs have flowers engraved on them - representing the number of children the woman had in her life.








Yeni Mosque, em Eminönü.

Eu considero Eminönü o coração de Istanbul. Aqui é onde saem os barcos que atravessam os dois continuentes, Ásia e Europa. Este porto está sempre lotado, pulsando, barulhento, trânsito pesado. Em destaque, a imponente Mesquita Yeni, ou Mesquita Nova.

I consider Eminönü the heart of Istanbul. This is where the boats that sail back and forth between Europe x Asia depart. This area is always  busy and noisy with people and heavy traffic. In detail, the astonishing Yeni Mosque.

Aqui há todo o tipo de comércio entre os pedestres sempre apressados. Guias turísticos também vendem passeios panorâmicos pelo Bósforo.



 A carrocinha de simit, um biscoito que é muito vendido por toda Istanbul. Vende-se simit até mesmo dentro dos barcos, acompanhado de chá. 



Aqui é de onde sai os barcos para Kadıköy. É sempre muito tumultuado, mas há organização nas filas e na hora de se passar o cartão de transporte.





Os barcos saem lotados nos horários de rush. A travessia Europa/Ásia custa apenas 1,98 liras turcas e dura aproximadamente 30 minutos.

Gatinho dormindo tranquilamente debaixo do banco, sem se importar com a movimentação.

Faixa comemorativa ao mês de Ramadan. Destaque para Torre de Gálata.



 Os gatos em Istanbul são respeitados, e vivem tanto nas ruas quanto dentro dos estabelecimentos. É muito comum encontrar gatos em lojas, vitrines, dormindo em cima de motos, carros, bancos, nos pátios das mesquitas, bibliotecas, banheiros da universidade, etc. Até mesmo no meu hostel tinha uma gatinha, que andava livremente na recepção.  E por toda parte há tigelinhas com água e ração para eles. Vi um berçário montado próximo ao meu hostel, onde as tias gateiras vinham algumas vezes por dia checar os filhotes. É claro que fui lá conversar com ela, e apesar de não falar inglês, nos entendemos bem.

The cats in Istanbul are respected, and they live either on the streets or inside stores - there are food and water bowls everywhere. It is very common to find them inside the shops or sleeping on top of cars, motorcycles, benches, mosque patios and even in the University library and toilet. A cat lived in the hostel I stayed, walking freely at the reception. I saw a  nursery improvised close to the hostel,and  some women checking on the kittens a few times a day. As a cat lover, it was impossible not to stop at any minute to pet and play and take a picture of them. They come in all sizes, shapes and colors you can imagine. I had lots of fun with them and was amazed at how much they are loved by Turkish people. 
 
 
 


 


Istanbul é uma cidade intensa. Barulhenta,movimentada, cheia de turcos, turistas, gatos, imigrantes e automóveis. O trânsito é ruim; vi as pessoas atravessarem na frente dos carros, do contrário, não passavam nunca para o outro lado. O custo de vida é semelhante ao nosso; o transporte público funciona e é abundante. Muçulmanos ou não, somos acordados no meio da noite - toda noite - pelo Chamado para Oração. A comida é saborosa, e bebemos chá o tempo todo. Me senti segura ao andar pelas ruas. O povo é hospitaleiro e gentil.  Alguns banheiros são otomanos, aquele buraco no chão. Eles se identificam com o nosso povo, e nos consideram "irmãos". A torcida é unânime quando a seleção do Brasil entra em campo - eles torcem é para nós. É um país que merece muitas outras visitas, devido a riqueza de cultura que se tem para explorar. Foi indescritível realizar o meu sonho, posso afirmar que a minha volta é certa, Insaallah.

Istanbul is an intense city. Noisy and crowded with Turks, tourists, cats, immigrants and cars. The cost of life is similar to Brazil's; the public transportation is plenty and it works. Muslims or not, we are awaken in the middle of the night - every night - by the Ezan, which is one of my favorite memories from Istanbul. The food is delicious, and we drink tea all the time. I felt safe walking the streets. Turkish people are friend and gentle, and they consider Brazilians their brothers.  Turkey deserves so many visits, due to its incredibly rich culture that offers so much to be explored and experienced. I lack words to describe what I felt by making my dream come true, but I can assure I will definitely go back, Insaallah.



teşeküllederimgçağdaşserkancriksyusuftunçayonurilkerkeremmaxayhanyasinmuratlets