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Hagia Sofia, o sol se pondo |
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Mesquita Azul |
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Crianças construindo bonecos de neve |
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Fonte de Guilherme (próximo de onde ocorreu o ataque terrorista de 12/01) |
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Enfiando o pé na jaca |
Mesmo com a lomba do dia anterior, não pude descansar mais em casa, pois não sabia quanto tempo a neve continuaria caindo - e não queria correr o risco de perder a vista das mesquitas cobertas de branco. Disposta de muita coragem e encarando a disposição de quem havia acabado de atravessar o oceano, coloquei-me a caminho de uma das imagens que mais cobiçava. Istanbul não é muito de neve, portanto, foi um privilégio, um presente, eu ter chegado justamente no dia que a tempestade caiu. A nevasca durou três dias; e eu não sabia se teria uma segunda oportunidade (spoil alert: tive sim! Três dias antes da minha partida, outra nevasca caiu, de mesma intensidade). Também era hora de testar minha resistência sob a neve, e as roupas que levei. Seguindo a risca o manual de instruções, coloquei sobre a cama as tais "camadas", sem saber se daria certo ou não. Fui de segunda pele (a camiseta tipo meia fina que retém o calor do corpo, legging térmico, camiseta térmica, blusa de lã com uma mistura de nylon de gola alta, boyfriend jeans por ser mais larga e caber todo esse roupeiro por baixo, e, por último, a jaqueta de pena de pato. Meias e botas a prova d'água. Levei a pashmina, luvas e gorro dentro da bolsa. Me perguntei se deveria ter vestido a meia calça fio 60 por baixo do legging, mas arrisquei a ir sem, e não foi realmente necessário. Ao sair de casa, o primeiro contato com o ar gelado, vai direto para o nariz (aí você lança mão da pashimina para tampar a boca e o nariz). As ruas completamente cobertas de neve, era um sábado, e a vida corria normal, impressionante ... eu morrendo de medo de embarcar por não saber o que esperar do inverno europeu, e me deparei com tudo correndo normalmente, como se nada estivesse acontecendo - apenas muitas camadas de roupas a mais, casacos, botas, gorros, cachecóis, luvas por toda parte. Subi a rua encantada com a paisagem ao meu redor - era a primeira vez que ficava cara a cara com a neve, e parecia que ia explodir de tanta alegria! Comecei a fotografar as árvores, as casas, até que tive que guardar as mãos no bolso, porque começaram a congelar - na verdade, preciso comprar luvas que permitem o manuseio de celular e câmera. Antes de tomar o ônibus, passei na lojinha de conveniência da qual sou freguesa desde 2013 para comprar o meu Istanbulkart - o cartão de transporte que permite usar ônibus, tram, metrôs, barcos e até mesmo banheiros públicos. Da lojinha eu decidi esticar até o pazar - pazar é uma feira de rua, que no meu bairro acontece todo sábado. O número de barracas é enorme, vendendo de tudo: frutas, verduras, legumes, roupas, panelas, peixe, queijo. Os produtos são de primeiríssima qualidade, saborosos, e muito mais barato do que o nosso sacolão. Dessa vez passei somente para ver se tinha algum artesanato, pois ia para Sultanahmet. Não tive sorte. A caminho do ponto de ônibus, me dei conta que minha pashmina havia desaparecido do meu pescoço .. meus primeiros 20 minutos de inverno, e já tinha perdido a danada ... tive que refazer todo o longo caminho, e felizmente consegui recuperá-la. Havia caído na calçada, e estava estrebuchada numa poça de neve e barro derretido .. a colega me acompanhou todos esses 20 dias, como Sancho Pança, minha Fiel Escudeira. Merece e terá uma aposentadoria digna!
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Testando meu exército de combate ao frio; vestimenta em camadas: 200 peças de roupa debaixo desse sorriso |
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Minarete da Mesquita Azul |
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Pátio central da Mesquita Azul; fonte de ablução |
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Jogo de luz x sombra |
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Fonte de Guilherme II, presente da Alemanha |
Even though I was still naturally exhausted, I did not sleep in. I was not sure for how long the snowstom would last, and I could not take the risk of losing the chance of seeing the monuments and mosques covered in white. So I took all the courage and disposition of someone who had just crossed an ocean the previous night to get out of the bed and head towards one of my most expected views. It does not snow as frequently in Istanbul, so I was lucky to having been arrived the day it started. I took it as a gift. The snowstorm lasted three days, and I had no clue if I would have another chance to enjoy it (spoil alert: I did! three days prior to my return to Brazil another storm of same proportion hit Istanbul). Time to test my resistance under the snow and all my packed winter clothes arrived at last .. Following all the "instructions", I carefully displayed everything I should be dressing to fight the negative temperatures: my thermals, leggings, boyfriend jeans, jacket, gloves, pashmina, hat, socks.. I wondered if I should be wearing thick pantyhose underneath the leggings, but I took the risk of not do it, and it turn out it was not really necessary. As soon as I left the building, the first blow of cold wind went right to the nose. That Saturday, streets totally covered in snow, life went on normally ... I was so scared to face the European winter, and to realize everything was just the same - only a lot more extra layers of clothes, jackets, coats, hats, gloves, scarves, boots and heavy shoes everywhere. I walked up the street delighted with the scenary around and I felt like I was going to explode so excited I was! I started taking pictures of the trees and houses up to the point I had to keep my hands inside my pockets, because they were freezing (note to self: buy touch-screen gloves for next time!). Before I took the bus, I hopped into the convenience store to buy my Istanbulkart - the trasnportation card used to board buses, boats and trains. I decided to walk over the pazar to check it out - a pazar is a street farmer's market, and the one in my neighborhood is huge. I was just looking around when I realized I had lost my pashmina. My very first 20 minutes living wintertime, and I'd already lost something .. . I had to go back the same long path and fortunatelly, I was able to find it. It was in the sidewalk, topping a mix of mud and melted snow . This pashmina has accompanied me during each and every day of my vacation, like a loyal friend: my Sancho Pança. It deserves a proper retirement!
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Mesquita Azul e crianças ao fundo, em batalha de bolas de neve |
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Hagia Sophia ao fundo |
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Fonte congelada |
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Detalhe das águas congeladas da fonte |
Em Sultanahmet recebi as boas vindas ao som do meu adorado Ezan! Dali vem os meus Ezans preferidos, pois são os mais bonitos - Mesquita Azul, Hagia Sofia e Palácio Topkapi se confundem numa sinfonia dos deuses. O muezzin de determinada mesquita chama, o outro responde, e assim sucessivamente, como um duelo sendo proposto através dos minaretes. Eu sempre paro o que estiver fazendo para ouvir o Chamado, onde quer que eu esteja, desde a 1a vez que o ouvi, no ano de 2000. É uma mistura de respeito, fé e encantamento. Algumas pessoas abaixam a música e a tv de suas casas, quando ele está tocando. Outras não se abalam. A primeira vista da Praça com duas das mesquitas mais imponentes já construídas - uma de frente a outra, os obeliscos (aos pés do qual 11 turistas perderiam suas vidas, exatamente 11 dias mais tarde, num ataque terrorista) , o coreto alemão, a fonte, os jardins, estando tudo coberto de neve, sob o céu azul do inverno, a beleza esse quadro é elevada ao infinito. Havia muitas pessoas, entre turistas e locais, brincando de guerra de bola de neve, passeando, fotografado, trabalhando e relaxando. Alguns pouquíssimos gatos (no sentido literal da palavra) pingados. Com tanto frio, com certeza deviam estar abrigados. Como eu disse, a vida é totalmente normal debaixo da neve. E o tanto de gente que eu vi escorregar e cair na minha frente? Não foi um, dois nem três ... homens, mulheres, jovens, crianças ... felizmente, em todos esses dias que passei nessas andanças gigantescas, não contabilizei nenhum tombo ou escorregão.
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Mesquita Azul |
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Tratores utilizados na remoção da neve |
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Meu Paraíso é aqui |
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Detalhe das cúpulas da Mesquita Azul |
As soon as I stepped into Sultanahmet, I was welcomed by my most beloved Ezan. This region has the most beautiful ones, as they come from the Blue Mosque, Hagia Sophia and Topkapi Palace, in a heavenly simphony. The muezzins keep taking turns in their calls for prayer, as in a duet being proposed through the minarets. I always stop whatever I am doing to listen to the Call for Prayer, no matter where I am, since the first time I've heard it, back in 2000. I feel a mix of respect, faith and enchantment. Some people turn down the volumes of their radios or tvs while others do not care. The view of Sultanahmet Square with two of the most imponent mosques that have ever been built - one facing the other , the obeliscs (in which feet 11 tourists would lose their lives exactly 11 days later, in a terrorist attack), the fountains, the gardens - everything covered in snow, under a winter blue sky. The beauty of this picture is times infinity. There were many people, among tourists and locals, throwing snowballs at each other, walking around, taking pictures, relaxing and working. I spotted very few cats - they were definitely hiding away from the cold. I've seen a lot of people falling and slipping in front of me: men, women, children,old and young ... I myself have neither fallen nor even slipped, not even once!
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Movimento normal de turistas |
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Vestimentas típicas |
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As comidas de rua são muito procuradas |
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Jardins do Palácio Topkapi |
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A árvore florida resistindo a neve |
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Tomando um banho debaixo do raiozinho de sol |
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Guerreira! |
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Mais sobreviventes |
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Muro decorado (se fosse aqui estaria pichado ... ou já teriam roubado/destruído alguma peça) |
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Parece insatisfeito por não poder sair para brincar lá fora |
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Floreiras cobertas de neve |
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É fria .. |
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É fria, parte II! |
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O tram passa nessa avenida |
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Amo esse cemitério - mas foi impossível de visitar, como faço todos os anos |
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Mesmo assim passeei pelas laterais .. os defuntos otomanos já me conhecem de longe .. |
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Coluna de Constantino - a mulher que vende sementes para os pombos não estava lá dessa vez |
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Essas lojinhas ficam num morrinho.. impossível de chegar lá, por causa da neve
Post de 2014: Sultanahemet no verão
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