segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

ILHAS GALÁPAGOS – PARTE II

O BARCO

Andando, andando, o homem chegou ao porto, foi à doca, perguntou pelo capitão, e enquanto ele não chegava deitou-se a adivinhar qual seria, de quantos barcos ali estavam, o que iria ser o seu.
José Saramago

O ponto de partida para a escolha do barco foi relativamente simples no meu caso: o mais barato. Os cruzeiros são caros, portanto, comecei a procurar um barco mais econômico. Existem barcos para quase todos os bolsos, de categoria turista superior até luxo, com cabines mais amplas, camas ao invés de beliches, especializados em passageiros mais idosos, comida mais sofisticada e outros mimos. Entretanto, o luxo é relativo, porque em Galápagos o maior número de passageiros em um barco é 100 pessoas, ou seja, nada que lembre os navios ancorados em Port Everglades ou os que saem de Santos.

Depois de definir pela categoria mais econômica, procurei um roteiro legal. Minhas pesquisas me levaram a cruzeiros de 4 e 8 dias. Embora no início das pesquisas eu tenha namorado o cruzeiro de 4 dias (mais barato), após extensa pesquisa acabei escolhendo o de 8 dias, convencida de que esses são os que nos levam às ilhas mais distantes, ampliando o leque de espécies observadas e proporcionando a inigualável experiência de navegar – isso iria encarecer bastante as férias, mas, decidi investir, apesar da consciência de culpa...

Quanto ao roteiro, é difícil escolher quando não se tem a menor ideia de como fazê-lo ou por onde começar. Resolvi então partir dos animais que queria ver, sendo o mais importante o atobá-de-pé-azul (blue-footed-boobie, em inglês) e, de acordo com as opiniões de alguns fóruns, as ilhas do sul eram as melhores. Minha preferência passou a ser pelas ilhas do sul, Española e Floreana.

O que eu não sabia é que desde fevereiro/ 2012, o acesso às ilhas é alternado, uma vez que a regra agora é que um barco somente pode ancorar em uma ilha a cada 14 dias (antes eram 7 dias), ou seja, uma semana o barco navega pelas ilhas mais ao norte, na semana seguinte o barco vai para as ilhas do sul. Dessa forma, caso o visitante queira conhecer todas as ilhas possíveis, terá de ficar 2 semanas embarcado, ou “costurar” seu cruzeiro com passeios diários partindo da terra – mesmo assim, a ilha Española, por exemplo, só pode ser visitada por um cruzeiro, não há excursão de 1 dia pra lá.  
Assim, 1) os cruzeiros que me foram oferecidos começavam e terminavam aos domingos; e 2) a semana que eu tinha disponível pra fazê-lo caia na “semana norte”, ou seja, minha opção era ou norte ou nada. Simples assim.

Tendo decidido a categoria do barco, a duração do cruzeiro e o roteiro forçado goela abaixo, o último item para escolher meu barco foi acomodação. Como eu viajaria sozinha, já de antemão sabia que ia dividir uma cabine com alguém estranho. Entretanto, dentre os três barcos que me foram oferecidos, somente o Guantanamera garantia que eu dividiria cabine com outra mulher...

E assim, mais por eliminação que por escolha própria, meu barco passou a ser o Iate Guantanamera.


Meu barco, ancorado próximo à Ilha Isabela


A CAMINHO

E tu para que queres um barco, pode-se saber, foi o que o rei de facto perguntou (...),
Para ir à procura da ilha desconhecida, respondeu o homem.
José Saramago


Tendo a gentil Alícia, dona do Hostal Quito Cultural, agendado o táxi na véspera para 6h da manhã do domingo, meu único trabalho foi acordar a tempo e me arrumar.

Nada como trânsito tranquilo... E da janela do táxi, finalmente vi o Cotopaxi, perfeito e claro, ao longe.

Chegando ao aeroporto, o táxi mal toma a pista que direciona para embarques domésticos e já se pode ver uma porta à direita com uma placa amarela indicando “Controle de Bagagem/ Passageiros para Galápagos”. Foi assim:

1)      Entrar por essa porta; passar as malas pelo raio X; receber o formulário de conteúdo da bagagem; entrar no aeroporto.
2)      Ir para a sala imediatamente ao lado direito, onde pagamos a taxa de $10 (dez dólares) e recebemos outro formulário de controle de passageiros.
3)      Ir para o check in.
4)      Entrar para a sala de embarque e aguardar.

Sem dúvida, a única espera agradável em toda a viagem – e em muitos anos; estava me sentindo meio criança, aquela ansiedade gostosa, antecipando algo diferente que está por vir.


"Glorioso", foi como descrevi o dia em meu Diário de Viagem. O Cotopaxi compondo a paisagem, perfeito, como eu via nas fotos das revistas. Os alpinistas que vi no dia anterior, e que nessa madrugada conquistaram o cume, deviam estar se sentindo premiados! Bom pra eles, coitados. Eu tinha mais o que fazer!

Voo pontual e tranquilo da AeroGal. Parada de 1h em Guayaquil, para embarque e desembarque de passageiros e carregamento de suprimentos para as ilhas. O dia estava feio em Guayaquil; esperando ardentemente que 1000km mar adentro faça a diferença no tempo...

Olhos grudados na janela e máquina grudada na mão. Como uma apaixonada por fotos de janelinhas de avião, acompanhei atentamente cada km voado pela telinha individual que havia em meu assento, esperando pelo primeiro sinal de ilhas à vista. E a gostosa ansiedade infantil continua acesa!
Opa! Tempo meio encoberto, mas ali estão elas! Essa "bolinha" de terra me chamou a atenção e virou uma predileta à primeira vista. Aprendi mais tarde que a "bolinha" se chama Daphne Minor, local exclusivamente de mergulho, fora dos roteiros usuais.

por C. Maria



Veja mais:


QUITO – Centro Histórico

VULCÃO COTOPAXI - Pescoço da Lua

ILHAS GALÁPAGOS 

3 comentários:

  1. Ahhh :((( Os posts são curtos demais, e me deixam ansiosa para o próximo capítulo! Léo.

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  2. Viajando no Guantanamera amarelo...Adoro todos os detalhes. Vou me juntar ao coro: Dá-lhe um barco, dá-lhe um barco..

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    1. @Max, vc é sen-sa-cio-nal! Comente mais, comente mais! :-)

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