O show não pode parar. Nunca uma frase representou tão bem um sentimento quanto essa, nessa parte da viagem.
Chegando a Guayaquil, os planos de pegar um táxi e visitar o Parque das Iguanas foi completamente abandonado. Me coloquei numa bolha de desolação por ter deixado Galápagos pra trás e, ainda por cima, estava sentindo o incômodo do mal da terra; não achei disposição para procurar um locker para a mala, sair do aeroporto....
Só mesmo meu bom e velho Stephen King (O cemitério) pra me fazer companhia de modo a nem ver passar as 4 horas de espera.
O aeroporto de Guayaquil é bonito e me surpreendeu bastante – em vista dos nossos aeroportos, os do Equador deram um show.
O voo da TAME para Cuenca saiu no horário.
Guayaquil vista do aviãozinho ATR 42-500 da TAME. Esse modelo possui hélices |
Chegando em Cuenca, domingo, final de tarde, estava tudo meio deserto. O táxi do aeroporto até o Hostal Macondo, em pleno centro histórico, ficou em $3 (três dólares). O hostal é lindo e super confortável. Meu quarto tinha vista para o jardim interno e uma ducha maravilhosa. Tudo o que eu precisava para poder me recuperar do longo dia. A diária do hostal ficou em $25 (vinte e cinco dólares) quarto individual.
No dia seguinte, era hora de sair da bolha. A primeira coisa a fazer era tomar o café da manhã. O café no hostal foi muito bom, tendo alguns itens disponíveis para pedirmos, e por preços irrisórios (uma omelete por $2, uma salada de frutas, cortada na hora, por $1.50, por exemplo).
E vamos à rua. Me senti meio perdida; sai do hostal para ir para as duas igrejas principais, pra começar, mas rodei o quarteirão umas 3 vezes, até me dar conta de que estava tomando sempre a direção contrária. Estava achando muito estranho tornar a visitar monumentos, igrejas, admirar prédios, obras de arte... A gente é mesmo bem estranho: apenas 8 dias vistando ilhas e admirando bichos e paisagens foi o bastante pra me fazer achar o turismo tradicional esquisito.
O centro de Cuenca, por onde andei, é muito agradável, com muitos edifícios antigos, alguns bastante ornamentados, belos. Tem muitas praças limpíssimas, agradabilíssimas. O clima é de cidadezinha do interior. Há dois grandes mercados de frutas, legumes, especiarias, carnes, enfim. Há algumas subidas e descidas bem íngremes... E há muitas, mas muitas mulheres vestidas à moda andina pelas ruas: saias com a barra bordada, tranças longas, às vezes carregando coisas enroladas ao corpo. São todas lindas e dá vontade de fotografar todas, mas me contive.
A Plaza de las Flores, um mercado de ... flores. Fica na Rua Mariscal Sucre, ao lado da Catedral Nueva |
O calçamento decorado no trecho em frente a Plaza das Flores |
O interior da Catedral Nueva |
Dentro do centro de artesanatos CEMUART - Casa de las Mujeres |
O mercado 10 de Agosto |
O carrinho de mão cheio de belos morangos e cerejas |
A igreja San Sebatián |
O Parque San Blas, com a igreja ao fundo, e a simpática senhora que veio alimentar os pombos |
Além de se perder pelas ruas, pode-se descer até o Rio Tomebamba, de onde podemos ir para uma parte mais moderna da cidade, visivelmente mais comercial, com muitos bancos e lojas. Ou, é só subir uma rua até a Calle Larga e chega-se às ruínas incas de Pumapungo.
O rio Tomebamba. Às margens, muitos hotéis e pousadas |
A Puente Roto |
O impressionante Centro de Avifauna, dentro do Parque Pumapungo. Aqui, dezenas de aves como araras, tucanos, gaviões e outras desfrutam de cercados 6 estrelas, com plantas e até cascatas |
A fofa "taquinha", que me lembrou a maritaca que eu tive e que fugiu em 1992... |
Em meu segundo dia em Cuenca, tive a oportunidade de conversar com um casal de americanos que estavam hospedados no mesmo hostal. Eles me disseram que eu era a primeira sul-americana que eles viam em toda a viagem pelo Equador. Depois fui reparar e, de fato, somente conheci europeus e americanos em toda viagem, isso sem contar, claro, os nativos.
Cuenca me pareceu um local ideal para o pessoal de mais de 50 ir relaxar, outros aprender espanhol, enfim, algumas pessoas pareciam estar morando no hostal. Não significa que é uma cidade para pessoas mais maduras, nada disso. É que vi bastante gente por lá aparentemente com esse perfil, mais despreocupado, com mais tempo.
Sai de novo em direção à praça principal, das duas catedrais, e passei por um café que, de relance, me chamou a atenção. Depois de mais uma volta pelo mercado de artesanias, quando de fato comprei algumas lembrancinhas, e de mais umas voltas pelas ruas centrais, resolvi parar no café. Se chama El Cafetal de Loja. Que surpresa agradável!! Que visão: um patiozinho central com uma árvore cobrindo a vista do teto. Nunca vi um café tão lindo e tirei foto de cada cantinho do local, mas nenhuma consegue captar o todo que encanta, infelizmente...
Daí foi seguir pro aeroporto para tomar meu voo de volta a Quito - meu primeiro voo em um avião da Embraer!
A sala de embarque do aeroporto de Cuenca |
por C. Maria
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